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TABAGISMO

Nesta publicação trataremos da mais grave epidemia que já atingiu a humanidade e que, segundo a Organização Mundial da Saúde, é a maior causa isolada, evitável, de doença e morte.

O tabagismo foi responsável pela morte de aproximadamente 60 milhões de pessoas entre 1930 e 1990 e ocasiona, atualmente, segundo dados da OMS, 4 milhões de mortes por ano, número que deverá atingir 10 milhões em 2020.

O tabagismo ocasiona inúmeros problemas de saúde como: câncer em vários órgãos como boca, faringe, estômago, pâncreas, rins, bexiga, pulmões ( 90% dos casos são decorrentes do fumo ), alterações circulatórias em todo o organismo levando a problemas agudos como infarto do miocárdio ( cerca de 30% dos casos ) e a problemas crônicos como impotência sexual, entupimento de vasos sanguíneos com prejuízo para todo o organismo, risco aumentado de contrair infecções bacterianas e viróticas, úlceras pépticas, gastrite e distúrbios em vários órgãos.

As mulheres fumantes, além das alterações de saúde mencionadas, passam a ter um risco mais elevado de câncer de mama e do colo do útero, osteoporose, alterações hormonais que levam a um envelhecimento precoce, menopausa antecipada e alterações sexuais. O uso de pílula anticoncepcional aumenta muito o risco de infarto do miocárdio e de acidentes vasculares cerebrais.

O tabagismo tem uma ação extremamente lesiva no período gestacional, ocasionando problemas muito sérios para a gestante e para o bebê, como aborto, recém-nascidos prematuros e de baixo peso, índice de natimortos elevado e síndrome de morte súbita infantil.

Os filhos de pais que fumam têm uma incidência elevada de asma, bronquite e infecções respiratórias e integram o enorme contingente de ´´ fumantes passivos `` que sofrem as consequências do hábito de fumar dos fumantes ativos ( cerca de 1 bilhão e 100 milhões em todo o mundo ).

A epidemia do tabagismo vem se deslocando do mundo desenvolvido para o mundo em desenvolvimento em função de leis mais aperfeiçoadas e maior consciência do problema em nações mais desenvolvidas.

Os dados de estudos da epidemia mostram que há uma expansão do problema a nível mundial. O número de fumantes cresce mais do que cresce a população, o que torna muito importante o conhecimento deste desafio para toda a humanidade.

Se há tantas evidências científicas de todos os malefícios que o tabagismo ocasiona à saúde de milhões de pessoas porque as pessoas não param de fumar?

A pessoa que é fumante tem uma dependência química que em muitos aspectos é muito semelhante à dependência da cocaína, da heroína e de outras substâncias ilícitas.

A substância química responsável pela dependência física e psicológica dos fumantes é a nicotina, que atua no cérebro produzindo uma sensação de prazer e que, uma vez formado o hábito, torna-se obrigatória para o dependente. A sua ausência produz uma sensação muito desagradável, com ansiedade, inquietação e irritabilidade, que é denominada síndrome de abstinência.

Podemos então dizer que o tabagismo é uma doença?

Sim. Esta é uma conclusão relativamente recente dos estudiosos deste tema. Antes o comportamento de fumar era visto como uma afirmação da pessoa, uma postura de liberdade e modernidade. Depois veio uma etapa de consideração de dificuldades psicológicas e o fumar era considerado um ´´vício``.

O entendimento atual é de que a dependência à nicotina preenche todos os requisitos para ser considerada uma doença.

Como a indústria de cigarros conseguiu um número tão elevado de usuários de um produto tão prejudicial à saúde do fumante, dos que estão próximos a ele e ao meio ambiente?

Uma epidemia como a que estamos observando não se forma de um momento para outro. Foram anos e anos de propaganda bem feita com apoio do cinema de Hollywood para conduzir tantos milhões de pessoas para a morte e para a doença.

Podemos dizer que esta epidemia tem um componente nos interesses financeiros ( o consumo de cigarros atinge a 6 trilhões ao ano ), outro componente é dado pelas características do funcionamento do sistema nervoso dos seres humanos ( substâncias que produzem sensações agradáveis de prazer e que depois tornam-se obrigatórias pelo desprazer ocasionado pela ausência ), e também um componente no momento social que estamos vivendo.

Sendo um fenômeno multideterminado, é possível esperar erradicação total do tabagismo?

Por tratar-se de um fenômeno tão complexo e com várias causas que se somam, é grande a possibilidade de que a humanidade nunca fique totalmente livre deste flagelo. Mas não há dúvidas de que várias iniciativas de saúde que surgem na comunidade científica e leiga venham a contribuir para a diminuição do número de mortos e de incapacitados pelo tabagismo.

Como um cidadão comum pode contribuir nesta batalha contra estas forças que puxam na direção da morte e da doença, tendo o cigarro como seu veículo?

Cada pessoa que empreende a sua batalha para parar de fumar está dando uma contribuição importante. O tabagismo é contagioso ( ele atinge quem está perto, o fumante passivo ) e é contagioso também como modelo social: crianças que vêem um adulto admirado fumando terão grande tendência em imitá-lo e depois as substâncias químicas farão o restante.

O cidadão comum pode também exigir dos legisladores leis mais aperfeiçoadas que limitem a propaganda de cigarros que levam à difusão da epidemia.

É muito útil que as pessoas conscientes dos problemas que o uso do fumo ocasiona conversem com os fumantes ( filhos, cônjuges, amigos e companheiros de trabalho ) levando informações que motivem estas pessoas a fazerem tentativas de deixar o cigarro.

É fácil deixar de fumar?

Não é nada fácil. Mesmo pessoas que nunca fumaram têm uma noção do quanto isto pode ser difícil. Sabemos que a grande maioria dos fumantes quer parar, mas apenas um número muito pequeno, que talvez não chegue a 5% consegue parar usando os seus próprios recursos e após várias tentativas.

A grande maioria dos fumantes somente consegue parar se tiver a ajuda de alguma forma de tratamento.

Qual é o perfil do fumante que consegue parar sozinho?

Em geral são pessoas muito motivadas a fazê-lo e que apresentam uma dependência química menor por usar um número pequeno de cigarros por dia, com uma dependência não muito antiga. É comum que estas pessoas tenham poucos fatores agravantes da dependência ( comorbidade ) como: depressão, ansiedade e outros transtornos psicológicos.

E quais são as características do fumante que não consegue parar sozinho?

São usuários do tabaco há muitos anos, consumindo um número grande de cigarros por dia e que apresentam, como agravantes à dependência à nicotina, uma configuração psicológica desfavorável: nível elevado de ansiedade, depressão, insegurança e outros transtornos psicológicos.

São pessoas que, embora digam que pretendem parar de fumar, não estão muito convencidas dos malefícios do hábito de fumar.

Os fumantes que apresentam estas características têm um índice elevado de falhas em suas tentativas e frequentemente chegam a usar os tratamentos disponíveis para a dependência à nicotina.

Quais são as etapas do processo de parar de fumar?

O processo de parar de fumar é bastante complexo e o caminho a percorrer é difícil. Como se trata de uma dependência química e psicológica não é simplesmente uma decisão que transforma tudo rapidamente.

De início o fumante não pretende parar de fumar por considerar o seu comportamento como não prejudicial. Esta situação pode evoluir para uma condição em que o fumante começa a considerar seriamente a possibilidade de parar mas ainda está ambivalente.

Se o processo evolui, o fumante começa a preparar-se para a ação adiando o primeiro cigarro do dia e diminuindo o número total de cigarros consumidos no dia. Depois vem a ação e o indivíduo pára de fumar.

A próxima etapa do processo é a de manutenção. Os primeiros 30 dias são os mais difíceis pois é nesta fase que se manifesta a síndrome de abstinência que, se for ultrapassada, aumenta muito as possibilidades da parada ser definitiva.

Nos seis meses após a parada é necessário a mudança de hábitos para garantir o sucesso.

É necessário a prática de esportes, diminuição da ingestão de bebidas alcoólicas e cuidado nos contatos com os fumantes, que podem ocasionar recaídas.

E se houver falhas neste processo, ocorrendo recaídas?

O fumante não deve se desestimular com as recaídas pois elas são bastante frequentes. Após 2 tentativas que fracassaram é necessário considerar a possibilidade de fazer alguma forma de tratamento para apoiar os processos de parar de fumar.

Como são os tratamentos para a dependência da nicotina?

Existem os tratamentos que o próprio fumante pode administrar como os tratamentos de reposição de nicotina ( chicletes, adesivos e sprays nasais ) que são comprados sem receitas médicas e trazem as instruções de uso. Estes tratamentos visam a redução gradual da quantidade de nicotina introduzida no organismo, diminuindo a síndrome de abstinência e dando melhores condições ao processo de parar de fumar.

E quando falham estes tratamentos, o que fazer?

Quando a dependência química supera os recursos que o fumante pode usar sozinho, é o momento de procurar a ajuda de um especialista neste tipo de problema, que poderá acionar outros recursos para o tratamento da dependência como o Cloridrato de Bupropiona ( é um antidepressivo que tem demonstrado eficácia no processo de parar de fumar, tornando-se um poderoso aliado nesta luta).

O especialista poderá recomendar também uma psicoterapia individual ou de grupo e, frequentemente, associa tratamentos psicológicos e farmacológicos.

O especialista reconhecerá e proporá tratamento para as comorbidades (problemas psicológicos e mentais) que impediram as tentativas de parar de fumar.

Uma vez conseguida a meta de parar de fumar, quais são os cuidados necessários?

Atingida esta meta é muito importante a sua manutenção. A dependência química fica estabilizada mas não é eliminada, um pequeno descuido pode reativar todo o problema dias, meses ou anos após a parada.

Como a recuperação da saúde do fumante pode levar vários anos após a parada, havendo uma recaída esta recuperação é perdida e todo o processo tem que ser reiniciado.

Como os médicos podem ajudar a diminuir a expansão da epidemia?

Os médicos, de todas as especialidades, podem dar uma ajuda inestimável na detecção do problema mostrando a seu paciente que não adianta procurar tratamento para problemas de saúde quando um problema maior como o tabagismo irá minar toda a saúde do seu paciente, podendo levá-lo à morte precocemente. Os médicos não devem minimizar o problema, tratá-lo se estiverem preparados para isto e quando não, encaminhar o paciente para especialistas.

Qual é o papel da prevenção no tabagismo?

A prevenção é a principal arma para enfrentar esta epidemia. Uma vez que a pessoa se tornou dependente, já vimos que o caminho é tortuoso e difícil para a recuperação e para muitos é impossível, mesmo com todos os recursos disponíveis atualmente.

Campanhas de esclarecimento para aqueles que ainda não foram atingidos pela dependência química, principalmente grupos etários vulneráveis como os adolescentes, impedem a formação de novas vítimas desta tragédia humana.

Limitações dos lugares onde é permitido fumar são medidas preventivas por que diminuem o número de fumantes passivos e contribuem para que os que estão subjugados pela dependência tenham alguma consciência de sua conduta auto-destrutiva.

O próprio tratamento dos dependentes é preventivo. Cada pessoa recuperada deixa de ser um modelo a ser imitado e pára de impor o tabagismo aos que com ela convivem.

O aumento do preço do cigarro tem um valor preventivo e as restrições à propaganda limitam a expansão da epidemia do tabagismo.

Como os legisladores podem contribuir na diminuição da expansão do tabagismo?

As empresas fabricantes de cigarros estão enfrentando problemas jurídicos com inúmeros processos indenizatórios às suas vítimas no mundo desenvolvido e em alguns países já tem o status de narcotraficantes. Isto faz com que elas coloquem mais ênfase em seus negócios no mundo em desenvolvimento, que é mais frágil em termos de identidade cultural e de estrutura jurídica. A meta de obter lucros a qualquer custo, mesmo o de vidas humanas, será mantida, mudando apenas a área de atuação. Isto é a condição que torna necessário o aperfeiçoamento urgente de nossas leis para freiar a sêde de lucros de empresas inescrupulosas para as quais a vida humana nada vale.



 


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  Criação: Tania Parejo